Por Matheus Martins Silva
"Algumas tendências pós-modernas presentes
na cultura contemporânea, principalmente em alguns setores das humanidades e
das ciências sociais, questionam a possibilidade de uma verdade objetiva e
independente de pontos de vista. Muitos antropólogos, por exemplo, afirmam que
não há qualquer racionalidade que tenha validade universal, mas apenas
diferentes racionalidades de diferentes culturas. Para esse discurso, a que
podemos chamar de relativista, a verdade é múltipla e depende do ponto de vista
do sujeito ou do contexto em que é formulada. Assim, todas as afirmações, sejam
científicas, filosóficas, religiosas, etc., seriam diferentes 'narrativas', que deveriam ser compreendidas em seus respectivos
contextos históricos, culturais e lingüísticos, pois apenas revelariam os
preconceitos culturais de diferentes narradores.
Confesso que ainda me esforço para
entender o que se passa na cabeça de um relativista quando este afirma ser a
verdade uma questão de diferentes práticas culturais. Os critérios de verdade,
dizem-nos, são relativos às diferentes práticas e culturas e não há nenhum juiz
ou padrão de racionalidade imparcial e superior capaz de avaliar essas
diferentes verdades. O engraçado é que essas afirmações não têm um pingo de
lógica, pois afirmam que não há uma verdade não relativa quando essa mesma
afirmação pretende ser encarada como não relativa, mas vamos deixar isso de
lado por enquanto e nos voltarmos para as conseqüências absurdas de tal modo de
encarar as coisas.
Podemos examinar várias possibilidades
que evidenciariam as conseqüências absurdas do relativismo pós-moderno. Por
exemplo: uma criança é violentada e assassinada, e temos dois candidatos para
resolver o crime e punir o culpado. De um lado temos uma tribo e todos seus
velhos preceitos religiosos passados de geração para geração, do outro lado
temos um tribunal do homem ocidental com todos seus conceitos de prova e
investigação. O pajé da tribo pretende descobrir o culpado por meio de um
ritual, pois as entranhas de um pássaro, diz o pajé, não mentem nunca. Ao passo
que o homem ocidental, por meio de um detetive que utiliza outros métodos para
descobrir o autor do crime, afirma saber quem é o criminoso devido a uma série
de indícios, sendo o principal deles o exame de DNA, que comprova que o esperma
encontrado no corpo da criança é o mesmo do principal suspeito, que foi visto
perto da cena do crime. A tribo chega à conclusão de que o assassino é o pai da
criança, enquanto o detetive descobre que se tratava de um vizinho da criança.
Quem está com a razão? De acordo com os
relativistas seremos obrigados a aceitar ambas as explicações, pois são formas
diferentes de verdades com critérios próprios. Mas o assnte para matar a
criança, isso seria uma possibilidade trivial que ninguém pretende negar, na
verdade o relativista quer dizer algo bem diferente; mas nesse caso somos
obrigados a afirmar que o assassino é "relativo" ao critério de
investigação? O assassino muda de acordo com o critério? Repare que esse modo
de pensar traz também graves implicações éticas, pois os responsáveis pelo
crime serão punidos tanto a partir dos critérios da tribo quanto a partir dos
critérios de prova ocidentais. Neste caso ambos deveriam ser punidos, segundo
os diferentes critérios? CLIQUE AQUI PARA LER O ARTIGO NA ÍNTEGRA
Concordo que relativizar tudo é burrice. Mas no computo geral, esse é um dos textos mais limitados que já li.
ResponderExcluirDentre outros absurdos, o autor simplesmente acha ("Acha" é por minha conta, porque ele tem certeza):
1-Que nossa cultura é melhor que as anteriores, e as contemporâneas dos povos não ocidentais-brancos-cristão! (Ou seja, a milenares culturas chinesas e indianas, por exemplo, são inferiores)
2-Que só existe uma verdade.E "a avaliação crítca e embasamento racional nos farão chegar até ela".
Simplesmente desconsidera que a "avaliação" é sempre subjetiva, porque NINGUÉM é 100% imparcial e o que é "racional" depende, e muito, do ponto de vista (claro que ele vai inferiorizar o ponto de vista alheio, pois só existe um certo...)
3-Que não estamos propensos a nenhum grande avanço ou descoberta. Já sabemos tudo e conhecemos tudo e devemos ter pena dos antigos e as culturas atrasadas, que não sabiam nada, coitados...
4- O texto é cheio de falácias. Por exemplo, ironiza: "Somos mamíferos e produtos de uma natureza cega ao mesmo tempo em que somos descendentes de Adão e Eva?", ou seja, se você acredita em Deus, deve desconsiderar o Darwinismo. Falando assim até parece que alguém sabe tudo sobre a evolução ou sobre Deus...
Será que o autor conhece pelo menos uma cultura diversa? Se sim, deveria no mínimo ser um pouquinho mais tolerante!
Será mesmo sr. Gleisson? http://criticanarede.com/valoresrelativos.html
ResponderExcluirGleison,
ResponderExcluir1) O que está em questão não é se nossa cultura é melhor, mas será que todos os valores culturais são igualmente aceitáveis? Você acha que não podemos interferir em uma cultura, quando ela fere a dignidade humana? Será que podemos aceitar como plausíveis culturas que aceitam o estupro corretivo? A mutilação feminina? Culturas que estraçalham criancinhas? Que oferecem criancinhas inocentes aos seus deuses? Tribos onde os pais matam os próprios filhos pelo fato de terem nascido com alguma deformidade física? Ora, existem pelo menos alguns valores que são universais e devem servir para todas as culturas. Por isso foram criados os direitos humanos.
2) você está convencido de que existem várias verdades? Que bagunça seria o mundo se isso fosse verdade, já pensou alguém com suas teorias chegando a conclusão de que 2+2= 5, outro dizendo que 2+2= 3, e assim por diante...
3) Sim, estamos sim propensos a um grande avanço ou descoberta, e é por isso que chegamos a essa verdade, pois se existissem várias verdades poderíamos dizer que os antigos estavam certos ao dizer que a terra era achatada. Acontece que eles ainda não tinham instrumentos necessários para chegar à verdade de que a terra é redonda.
4) Não sabemos tudo sobre todas as coisas, e é por isso que continua-se a investigar a fim de se chegar a um conhecimento seguro, e não meramente uma verdade subjetiva. Se existem várias verdades e se todas elas são subjetivas. Tudo o que você falou é relativo e, portanto, pode ser verdadeiro ou falso dependendo do ponto de vista.
Será que você realmente é tão tolerante em relação às outras culturas assim? Será que se você chegar em uma cultura e o povo dessa cultura cortar uma de suas mãos e dizer: “faz parte de nosso costume oferecer ao deus ‘x’ a mão do primeiro estrangeiro que passar por este lugar no mês ‘y’, e dessa vez foi você o escolhido”, você aceitaria isso?