sábado, 4 de junho de 2011

As conseqüências absurdas do relativismo pós-moderno

Por Matheus Martins Silva

"Algumas tendências pós-modernas presentes na cultura contemporânea, principalmente em alguns setores das humanidades e das ciências sociais, questionam a possibilidade de uma verdade objetiva e independente de pontos de vista. Muitos antropólogos, por exemplo, afirmam que não há qualquer racionalidade que tenha validade universal, mas apenas diferentes racionalidades de diferentes culturas. Para esse discurso, a que podemos chamar de relativista, a verdade é múltipla e depende do ponto de vista do sujeito ou do contexto em que é formulada. Assim, todas as afirmações, sejam científicas, filosóficas, religiosas, etc., seriam diferentes 'narrativas', que deveriam ser compreendidas em seus respectivos contextos históricos, culturais e lingüísticos, pois apenas revelariam os preconceitos culturais de diferentes narradores.
Confesso que ainda me esforço para entender o que se passa na cabeça de um relativista quando este afirma ser a verdade uma questão de diferentes práticas culturais. Os critérios de verdade, dizem-nos, são relativos às diferentes práticas e culturas e não há nenhum juiz ou padrão de racionalidade imparcial e superior capaz de avaliar essas diferentes verdades. O engraçado é que essas afirmações não têm um pingo de lógica, pois afirmam que não há uma verdade não relativa quando essa mesma afirmação pretende ser encarada como não relativa, mas vamos deixar isso de lado por enquanto e nos voltarmos para as conseqüências absurdas de tal modo de encarar as coisas.
Podemos examinar várias possibilidades que evidenciariam as conseqüências absurdas do relativismo pós-moderno. Por exemplo: uma criança é violentada e assassinada, e temos dois candidatos para resolver o crime e punir o culpado. De um lado temos uma tribo e todos seus velhos preceitos religiosos passados de geração para geração, do outro lado temos um tribunal do homem ocidental com todos seus conceitos de prova e investigação. O pajé da tribo pretende descobrir o culpado por meio de um ritual, pois as entranhas de um pássaro, diz o pajé, não mentem nunca. Ao passo que o homem ocidental, por meio de um detetive que utiliza outros métodos para descobrir o autor do crime, afirma saber quem é o criminoso devido a uma série de indícios, sendo o principal deles o exame de DNA, que comprova que o esperma encontrado no corpo da criança é o mesmo do principal suspeito, que foi visto perto da cena do crime. A tribo chega à conclusão de que o assassino é o pai da criança, enquanto o detetive descobre que se tratava de um vizinho da criança.
Quem está com a razão? De acordo com os relativistas seremos obrigados a aceitar ambas as explicações, pois são formas diferentes de verdades com critérios próprios. Mas o assnte para matar a criança, isso seria uma possibilidade trivial que ninguém pretende negar, na verdade o relativista quer dizer algo bem diferente; mas nesse caso somos obrigados a afirmar que o assassino é "relativo" ao critério de investigação? O assassino muda de acordo com o critério? Repare que esse modo de pensar traz também graves implicações éticas, pois os responsáveis pelo crime serão punidos tanto a partir dos critérios da tribo quanto a partir dos critérios de prova ocidentais. Neste caso ambos deveriam ser punidos, segundo os diferentes critérios? CLIQUE AQUI PARA LER O ARTIGO NA ÍNTEGRA





3 comentários:

  1. Concordo que relativizar tudo é burrice. Mas no computo geral, esse é um dos textos mais limitados que já li.

    Dentre outros absurdos, o autor simplesmente acha ("Acha" é por minha conta, porque ele tem certeza):

    1-Que nossa cultura é melhor que as anteriores, e as contemporâneas dos povos não ocidentais-brancos-cristão! (Ou seja, a milenares culturas chinesas e indianas, por exemplo, são inferiores)

    2-Que só existe uma verdade.E "a avaliação crítca e embasamento racional nos farão chegar até ela".
    Simplesmente desconsidera que a "avaliação" é sempre subjetiva, porque NINGUÉM é 100% imparcial e o que é "racional" depende, e muito, do ponto de vista (claro que ele vai inferiorizar o ponto de vista alheio, pois só existe um certo...)

    3-Que não estamos propensos a nenhum grande avanço ou descoberta. Já sabemos tudo e conhecemos tudo e devemos ter pena dos antigos e as culturas atrasadas, que não sabiam nada, coitados...

    4- O texto é cheio de falácias. Por exemplo, ironiza: "Somos mamíferos e produtos de uma natureza cega ao mesmo tempo em que somos descendentes de Adão e Eva?", ou seja, se você acredita em Deus, deve desconsiderar o Darwinismo. Falando assim até parece que alguém sabe tudo sobre a evolução ou sobre Deus...

    Será que o autor conhece pelo menos uma cultura diversa? Se sim, deveria no mínimo ser um pouquinho mais tolerante!

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  2. Será mesmo sr. Gleisson? http://criticanarede.com/valoresrelativos.html

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  3. Gleison,
    1) O que está em questão não é se nossa cultura é melhor, mas será que todos os valores culturais são igualmente aceitáveis? Você acha que não podemos interferir em uma cultura, quando ela fere a dignidade humana? Será que podemos aceitar como plausíveis culturas que aceitam o estupro corretivo? A mutilação feminina? Culturas que estraçalham criancinhas? Que oferecem criancinhas inocentes aos seus deuses? Tribos onde os pais matam os próprios filhos pelo fato de terem nascido com alguma deformidade física? Ora, existem pelo menos alguns valores que são universais e devem servir para todas as culturas. Por isso foram criados os direitos humanos.

    2) você está convencido de que existem várias verdades? Que bagunça seria o mundo se isso fosse verdade, já pensou alguém com suas teorias chegando a conclusão de que 2+2= 5, outro dizendo que 2+2= 3, e assim por diante...

    3) Sim, estamos sim propensos a um grande avanço ou descoberta, e é por isso que chegamos a essa verdade, pois se existissem várias verdades poderíamos dizer que os antigos estavam certos ao dizer que a terra era achatada. Acontece que eles ainda não tinham instrumentos necessários para chegar à verdade de que a terra é redonda.

    4) Não sabemos tudo sobre todas as coisas, e é por isso que continua-se a investigar a fim de se chegar a um conhecimento seguro, e não meramente uma verdade subjetiva. Se existem várias verdades e se todas elas são subjetivas. Tudo o que você falou é relativo e, portanto, pode ser verdadeiro ou falso dependendo do ponto de vista.

    Será que você realmente é tão tolerante em relação às outras culturas assim? Será que se você chegar em uma cultura e o povo dessa cultura cortar uma de suas mãos e dizer: “faz parte de nosso costume oferecer ao deus ‘x’ a mão do primeiro estrangeiro que passar por este lugar no mês ‘y’, e dessa vez foi você o escolhido”, você aceitaria isso?

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